Page 22 - REVISTA TIRIMAGAZINE XXIII
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Destinos






Cabo Verde



estaria na rota do turismo arquitect́nico 


com memorial a Cabral de Niemeyer




O
investigador Jõo Pe- bolizava "o homem que foi 
dro Martins defendeu Aḿlcar Cabral", tendo optado 

que Cabo Verde estaria
pelo Taiti, zona junto ̀ Aveni- 
hoje na rota do turismo arqui- da Cidade de Lisboa, a maior 
tect́nico mundial se tivesse alameda na cidade da Praia.
constrúdo o Memorial Aḿ- 

lcar Cabral projectado pelo E desta discrĩ̧o constava, in- 
arquitecto ́scar Niemeyer e clusive, a forma como Aḿlcar 
oferecido pelo Brasil, mas mu- Cabral se vestia e se compor- 

daņas poĺticas impediram a tava.
concretizã̧o.
Com estes dados, ́scar Nie- 
Era muita coisa para um pás meyer elaborou uns esquissos 

como o nosso. Seria o melhor que apontam para uma obra 
arquiteto do mundo [́scar muito diferente da atual.
Niemeyer] e o melhor arquite- 

to paisagista do mundo [Burle "A base que temos hoje ́ uma 
Marx]", a rmou o arquiteto ca- base fria, quadrada, com os 
bo-verdiano, autor de um estu- śmbolos nacionais, mas o tra- 
do sobre a relã̧o arquitet́ni- balho do ́scar Niemeyer ño 

ca entre o Brasil e Cabo Verde.
tinha nada disso. Era como se 
fosse uma m̃o que segurava 
No decorrer desta investiga- o Aḿlcar Cabral. O esquisso 

̧̃o, o tamb́m coordenador ño mostra o busto, a parte 
do curso de arquitetura da anat́mica da escultura, mas 
Universidade Piaget em Cabo mostrava qual ́ que era o con- 
Verde, encontrou a meḿria ceito e o conceito era aĺm da 

descritiva para o projeto do est́tua".
memorial de Aḿlcar Cabral e 
os esquissos do mesmo que Jõo Pedro Martins questiona 

revelam um projeto muito di- ainda outras caracteŕsticas 
ferente do atual, inaugurado da est́tua atual. "Hoje temos 
em 2000 e constrúdo com  - um Aḿlcar Cabral com uma 
nanciamento chin̂s.
gabardina e ńs vivemos com 
cia de Portugal", referiu, recor- memorial: "Era um homem 
uma temperatura perto dos 30 
Na base da oferta do Brasil a dando que o Presidente brasi- que muito se relacionava com graus. E Aḿlcar Cabral usava 
Cabo Verde deste projeto es- leiro veio a Cabo Verde dizer o povo, que queria estar perto camisas sem manga, mesmo 
que iria oferecer um projeto, do povo".
teve a ligã̧o fraterna entre sem o de nir.
como diplomata em confer̂n- 
os dois páses que na d́cada cias internacionais. Ño se 
de 1980 comungavam de a - "A meḿria descritiva desta- vestia com gabardine e tinha 
nidades poĺticas.
Cabo Verde optou por um cava que era preciso passar uma postura muito simples. 
memorial Aḿlcar Cabral, o a imagem de um heŕi, uma 
Parece uma imagem de um ĺ- 
Na altura, o Presidente da Re- fundador da nacionalidade pessoa, um ḿrtir", mas so- der asítico com a cabȩa do 
ṕblica do Brasil era Joś Sar- cabo-verdiana e guineense, e bretudo "de um homem que Aḿlcar Cabral".
ney e o de Cabo Verde Aristi- criou uma comiss̃o nacional, ño queria estar distante. 
constitúda por v́rios arqui- Por isso ́ que a quest̃o da 
des Maria Pereira. "Havia esta Coube ̀ comiss̃o cabo-ver- 
quest̃o dos partidos serem tetos de diferentes dirȩ̃es localizã̧o foi t̃o discutida", diana viajar para o Brasil e 
da esquerda e existir uma re- e minist́rios, a qual elaborou adiantou.
entregar a ́scar Niemeyer, 
uma meḿria descritiva em 
lã̧o muito harmoniosa entre que ño gostava de andar de 
os dois governos", acrescen- que de ne o per l de Aḿlcar Segundo o arquiteto, "os t́c- avĩo e evitava faẑ-lo, toda a 
tou.
Cabral.
nicos convenceram o Gover- informã̧o sobre o heŕi na- 
no cabo-verdiano de que a cional. Regressou com o co- 
O arquiteto Jõo Pedro Mar- melhor decis̃o seria fazer o 
"O Governo de Sarney estava nhecimento do projeto, uma 
a sair de uma fase de ditadu- tins sublinhou as caracte- monumento onde as pessoas maquete e a certeza de que a 
ra militar e Cabo Verde tinha ŕsticas de Cabral que a co- pudessem ter essa relã̧o obra era para avaņar.
miss̃o quis destacar para o
muito pŕxima", a qual sim-
poucos anos de independ̂n-


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