Estas praias segregadoras não são uma novidade, mas estão habitualmente associadas a países como a Arábia Saudita, o Irão ou Israel (que tem praias exclusivas para quem professa a religião judaica).
Mas onde fica escondida esta praia ao estilo «apartheid»? Bem mais perto do que pensa. Encontra-se no extremo nordeste da Itália, na fronteira com a Eslovénia. Em Trieste, mais precisamente. A praia banhada pelo Adriático chama-se «Bagni Comunali Lanterna» ou «Pedocin»- são usados ambos os nomes -, e tem um muro branco de três metros que separa mulheres e crianças com menos de 12 anos, dos homens.
Ao contrário do que se poderia esperar, a verdade é que todos os dias, durante o verão, são muitas as mulheres de todas as idades que vão até este areal de 250 metros de extensão. Elas são bem mais do que eles, mas cerca de três mil banhistas fazem questão de se bronzear na «Lanterna», desde habitantes locais a rabinos ortodoxos, camionistas turcos e padres católicos que vivem nas redondezas. A separação existe tanto na areia como no mar. Aliás, para entrar na zona contrária é necessária uma permissão especial. A entrada na praia custa 1 euro, mas pode pagar mensalmente ou por estação balnear.
Afinal, por que razão gostam tanto as mulheres desta praia? A maioria afirma que pode ter privacidade. «Não há homens à volta delas, podem ter uns quilos a mais ou não ter a depilação feita», explicou Micol Brusaferro, jornalista que escreveu dois livros sobre a «Lanterna». Para os homens, «este lugar permite terem um descanso das mulheres», escreveu Giancarlo, um frequentador do local, no site TripAdvisor.
Esta praia foi inaugurada oficialmente em 1903, há 114 anos, quando Trieste estava sob o domínio do Império Austro-Húngaro – a cidade era o seu principal acesso ao mar. A praia servia para evitarem «atos contrários à decência».