Ilha de Santa Helena inaugura “o aeroporto mais inútil do mundo”

Desde a década de 1930 que se falava em construir um aeroporto na ilha,

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que os críticos dizem não servir para nada. Um dos mais remotos e isolados locais do planeta entrou, finalmente, este sábado no século XXI quando a ilha britânica de Santa Helena, onde está situado “o aeroporto mais inútil do mundo”, deu as boas-vindas ao seu primeiro voo comercial.

No momento em que o voo inaugural, vindo de Joanesburgo, na África do Sul, tocou o solo daquele promontório rochoso no meio do oceano Atlântico, os entusiastas da História e das viagens que seguiam a bordo bateram palmas e deram vivas.

“Nunca me senti tão emocionada na vida”, disse Libby Weir-Breen, uma operadora turística britânica que anda há 12 anos a mandar turistas para aquela ilha, 1.900 km ao largo da costa de Angola.

Libby veio da Escócia de propósito para estar no primeiro avião a voar para Santa Helena e teve de enxugar as lágrimas quando este tocou na espetacular pista escavada na encosta da escarpa rochosa. “Nunca pensei que este dia viria”, disse.

Também às 4.500 pessoas que vivem em Santa Helena, uma colónia britânica desde 1658 – que se tornou famosa, sobretudo, por ser o remoto posto avançado inglês onde o imperador francês Napoleão I viria a dar o seu último suspiro -, se pode perdoar que tenham pensado que nunca veriam chegar este dia.

Desde a década de 1930 que se falava em construir um aeroporto em Santa Helena. O melhor local – um dos poucos espaços planos da ilha notoriamente escarpada – foi descartado por ficar junto de uma zona de nidificação da batuíra-de-santa-helena, uma espécie de ave em vias de extinção.

A construção do aeroporto no novo local designado, no topo de um vale que levou oito milhões de metros cúbicos de rocha para ficar cheio e aplanado, sofreu numerosos percalços e atrasos, enquanto os custos entravam em derrapagem, atingindo os 285 milhões de libras, para horror do governo britânico.

A pista e o terminal foram concluídos em 2016, mas a inauguração oficial foi adiada mais um ano depois de vários aterragens de teste terem sido fortemente fustigadas por ventos cruzados, tornando a pista demasiado perigosa para ser usada por aviões de grande porte.

Com a Grã-Bretanha imersa num clima de austeridade financeira, os médias de Londres depressa condenaram o complexo, classificando-o como um elefante branco ou como “o aeroporto mais inútil do mundo”, que custou mais de 60 mil euros por cada “santo”, como são conhecidos os habitantes da ilha.

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