Mais de 80 países, incluindo Portugal, marcam presença no IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Local, que terça-feira arranca, na cidade da Praia, com cerca de 2.000 mil participantes e 190 conferencistas.
O evento, uma organização conjunta do Governo de Cabo Verde, de uma rede de global de cidades e governos locais e das Nações Unidas, decorre entre terça e sexta-feira, com o objectivo de promover o diálogo internacional e troca de experiências sobre os desafios do desenvolvimento local entre autarquias, governos regionais, organizações locais e sector privado.
Segundo dados da organização, até sexta-feira passada, estavam inscritos para o fórum 1.857 participantes de 82 países, sendo que as inscrições terminam apenas na segunda-feira.
Portugal estará representado pelo vice-presidente do Instituto Camões, Gonçalo Teles Gomes; pelo investigador e professor do ISCTE, Roque Amaro, e por representantes da Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural do Concelho de Mértola e da Câmara Municipal de Loures.
A participação portuguesa, que se esperava mais significativa atendendo às relações entre os dois países, foi penalizada pela realização das eleições autárquicas em Portugal aquando da mobilização dos participantes para o fórum, segundo explicaram à agência Lusa, fontes da organização e da embaixada de Portugal em Cabo Verde.
Cerca de 75% das inscrições são de Cabo Verde, sendo Espanha, Senegal, Marrocos, Equador e Bolívia as delegações estrangeiras mais representativas.
Entre os países lusófonos, participam ainda Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Da Europa, vêm, entre outros países, representações da Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Bélgica e Luxemburgo, enquanto do continente africano chegam membros de países como a África do Sul, Nigéria, Mali ou o Quénia.
Estados Unidos, Canadá, Índia, China, Arábia Saudita e México são outras presenças no fórum, que conta também com a participação de países como Belize, Comoros, Haiti ou Jamaica, parceiros de Cabo Verde na Aliança dos Pequenos Estados Insulares, criada na década de 1990 e que reúne cerca de 40 pequenos países formados por ilhas.
O programa do evento, que terá uma sessão plenária, meia centena de sessões temáticas e espaço de exposição, prevê a presença de 190 oradores, com destaque para a Alta Representante das Nações Unidas para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Fekitamoeloa Katoa, que representará o secretário-geral António Guterres.
Cabo Verde foi seleccionado como anfitrião e co-organizador da IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local (FMDEL), evento decorrerá pela primeira em África e está a ser encarado como um teste à capacidade de o país receber e organizar grandes eventos internacionais.
Em entrevista à agência cabo-verdiana de notícias Inforpress, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, considerou que o encontro uma oportunidade de Cabo Verde se especializar no turismo de eventos.
“É o pontapé de partida que poderá abrir portas para as cidades cabo-verdianas se especializarem em turismo de eventos, de conferências e de congressos, particularmente a cidade da Praia. Este evento é uma boa prova que vamos ganhar”, disse o chefe do Executivo.
As três edições anteriores realizaram-se em Espanha (2011), Brasil (2013) e Itália (2015).
O fórum é co-organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pela Organização Internacional do Trabalho, pelo Fundo Andaluz de Municípios para a Solidariedade Internacional e pela União de Governos e Cidades Locais, entre outras entidades.
Durante a quarta edição estarão em debate temas como a coesão e integração territorial, economias inclusivas e sustentáveis, padrões de urbanização inclusivos e sustentáveis, sociedades resilientes e pacíficas e pequenos estados insulares em desenvolvimento
O fórum visa facilitar o diálogo e promover intercâmbios sobre o Desenvolvimento Económico Local (DEL), bem como encorajar a cooperação e promover acções conjuntas visando a promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030, das Nações Unidas.
A organização estima um impacto financeiro para a economia local de cerca de 600 mil euros em transportes, alojamento, alimentação, comunicações e lazer.
Com as anteriores edições do fórum com orçamentos próximos dos 500 mil euros, a edição cabo-verdiana terá um orçamento de quase 750 mil euros, inflacionado pelos custos de trazer intérpretes de francês, inglês e português, do estrangeiro, por não haver em Cabo Verde profissionais suficientes para dar resposta a um encontro desta dimensão.