Produtores do grogue querem delegação do IGAE na ilha das montanhas

A criação de uma representação da Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE)

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em Santo Antão constitui uma das reivindicações dos produtores do grogue, que têm vindo, insistentemente, a alertar ao Governo para necessidade do reforço da fiscalização nesta ilha.

Durante a safra de 2017, os produtores do grogue, por inúmeras vezes, alertaram para ausência de fiscalização por parte da IGAE da produção do grogue em Santo Antão e denunciaram a utilização, por parte de “supostos agricultores” de açúcar e outras substâncias nocivas à saúde, no fabrico da aguardente.

José Pires Ferreira, Graciano Évora e Emídio Alves foram alguns dos produtores que denunciaram, durante a safra de 2017 (Janeiro a Julho), o incumprimento da nova lei que regula a produção de aguardente de cana-de-açúcar em Cabo Verde, mostrando, por várias vezes, “inconformados” face à “falta de fiscalização”, que, no seu entender, está a pôr em causa os ganhos conseguidos em 2016, em termos de qualidade.

A Confraria do Grogue de Santo Antão (Congrogue) tem vindo, também, a chamar a atenção para o reforço da fiscalização da produção da aguardente nesta ilha, defendendo a necessidade de se instalar o tão desejado laboratório de controle da qualidade e de certificação do grogue.

Os operadores económicos, desde 2013, tem vindo a pedir a instalação de uma delegação do IGAE em Santo Antão, reivindicação agora reforçada pelos produtores do grogue, que anseiam por “uma fiscalização permanente” das actividades económicas, nesta ilha.

A IGAE, que dispõe de delegações no Sal e em São Vicente, é um departamento central do Ministério da Economia, responsável pela promoção de acções preventivas e repressivas relacionas com infracções anti-económicas e contra a saúde pública.

A delegação de São Vicente tem a responsabilidade de cobrir Santo Antão, mas essa cobertura tem vindo a ser assegurada de “forma deficiente”, segundo os produtores do grogue que, conjuntamente, com os operadores económicos se queixam da falta de uma estrutura da IGAE, nesta ilha.

Edivaldo Neves, produtor em Ribeira da Cruz, disse à Inforpress que, nessa localidade, bastante conhecida pelo “bom grogue” que produz, todos estão prontos para safra de 2018, que, por decisão do Governo, inicia-se, excepcionalmente, agora em Dezembro, devido ao mau ano agrícola, “mas sem fiscalização, vai ser muito complicado”, avançou.

“O Governo diz que podemos começar a safra e que a fiscalização já está no terreno, mas ainda não vimos nada”, disse, preocupado, Edivaldo Neves.

Através de um projecto de resolução, o Governo criou o “regime excepcional e transitória” da legislação que regula a produção de aguardente de cana-de-açúcar em Cabo Verde, propondo que se proceda ao fabrico entre os meses de Dezembro e Fevereiro, para que a cana que existe, neste momento, não se perca, por causa da seca.

Muitos produtores estão contra essa decisão, alegando que só favorece os transgressores, exigindo sim, que o Governo crie as condições para que o cumprimento da lei nesta matéria seja verificado em 2018, o que, a seu ver, não aconteceu em 2017.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em todas as visitas efectuadas a Santo Antão, ao longo deste ano, foi confrontado com a inquietação dos produtores, tendo prometido, para 2018, “uma forte aposta” na fiscalização tanto em relação à aguardente, como de outros produtos alimentares.

Os produtores do grogue em Santo Antão, desde de Novembro, têm vindo a denunciar chegada, com frequência, à ilha de “quantidade anormal” do açúcar e de outros produtos, como lixívia, que acreditam serão utilizados no fabrico da aguardente.

Para 2018, os produtores prometem “boa safra” e desejam que seja o “ano de efectiva fiscalização” para a salvaguarda da qualidade da aguardente tradicional, produzida em Santo Antão, há mais de 300 anos, e com “um peso enorme” na economia santantonense.

A produção do grogue em Santo Antão ronda, actualmente, os dois milhões de litros por ano, numa ilha onde a quase totalidade da área de regadio (mais de um milhar de hectares) é coberta por cana-de-açúcar.

Além da criação de uma delegação da IGAE, os produtores defendem ainda a necessidade de se apostar num laboratório de controlo da qualidade e certificação do grogue em Santo Antão, projecto que, segundo o presidente da associação dos municípios desta ilha, Orlando Delgado, será concretizado em 2018.

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