Sal e Boa Vista: Duas ilhas paradisíacas do Atlântico constituídas zonas do Globo livres da Covid-19

Dionísio Simões Pereira Março de 2021

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A pandemia da Covid19 tem vindo a devastar economias, a incrementar desemprego, a aumentar sofrimento das pessoas e a causar enormes danos psicológicos, além de múltiplos problemas sociais em quase todos os países.

Cabo Verde tem a sua economia assente no turismo, enquanto setor de atividade económica que contribui com 25% do PIB. As ilhas do Sal e da Boavista são as que mais turistas estrangeiros acolhem e são ilhas maioritariamente habitadas por migrantes das outras ilhas do arquipélago, aos quais junta-se uma importante comunidade imigrada, composta por cidadãos originários do espaço da CEDEAO.

Sal tem 35.267 habitantes e Boavista 17.707 habitantes, que geralmente auxiliavam financeiramente suas famílias ainda residentes nas respetivas ilhas ou países de procedência, deixaram de o poder fazer, além de verem-se confrontados com a incapacidade para honrarem seus compromissos financeiros junto a fornecedores de bens e serviços nas ilhas de acolhimento.

Depois de doze meses de drásticas restrições e muitas perdas de vidas humanas em todo o mundo, eis que, com as vacinas que já estão sendo administradas, surgem esperanças de redução de todo o stress, mas sem garantias de uma rápida recuperação económica e sem previsibilidade de quando poderá ser conseguida a imunidade comunitária em todas as ilhas.

Entretanto, a insularidade do país, que regra geral é tida como fator transtornante de certos processos de desenvolvimento, poderia ser um fator a reverter a favor do motor principal da economia nacional, fazendo dessas duas ilhas, Zonas Livres da Covid19, capazes de atraírem turistas tanto nacionais como estrangeiros.

 

O que fazer? Que benefícios as Zonas Livres da Covid19 trariam para a população e para a economia de Cabo Verde?

Complementarmente ao plano nacional de vacinação, que oficialmente até o fim de 2021 cobrirá pelo menos 70% da população do arquipélago, a totalidade dos habitantes das ilhas do Sal e da Boavista deveria ser vacinada até o final do mês de Maio 2021. Feita essa vacinação, seria restringido e condicionado o acesso a essas ilhas apenas aos vacinados contra Covid19 e eventualmente aos que tenham testado negativo em testes PCR para o SARS-CoV-2.

Uma vez garantida a neutralização da circulação do vírus nas duas ilhas, seria lançada uma ampla campanha internacional de divulgação da existência dessas Zonas Livres da Covid19, para promover atração turística tanto de residentes noutras ilhas do arquipélago como de visitantes procedentes de outros países. Este procedimento constituiria seria um diferencial competitivo internacional que conferiria confiança a pessoas com capacidade para suportar custos de um turismo do tipo do praticado nas duas ilhas e revitalizaria a dinâmica económica, com reflexos em todo o território nacional.

As Zonas Livres da Covid19 seriam autênticos refúgios de absoluta descontração e descompressão para todos quantos se encontram sufocados pelas restrições impostas pelas autoridades sanitárias e que possuem meios para, ainda que temporariamente, permanecerem longe dos locais de risco não controlável ou não controlado, onde vigoram medidas restritivas à circulação e às usuais dinâmicas de interação humana.

A globalidade dos países europeus, de onde procede a maior parte dos turistas que demandam Cabo Verde, encontra-se sob fortes medidas de limitação de circulação interna e de interação social. A criação dessas Zonas Livres da Covid19 certamente funcionaria igualmente para escape apetecível e fortemente atrativo, já que o distanciamento social recomendado ficaria sem efeitos no Sal e na Boavista.

Um marco construído em torno da Zona Livre da Covid19 poderá ser capitalizado no período pós-pandemia e ajudar a recompor o tecido económico afetado durante o último ano.

Toda a vida social e económica nessas zonas seriam retomadas, as famílias beneficiárias diretas ou indiretas dos rendimentos dos seus entes que prestam serviços nessas ilhas seriam favorecidas, os operadores económicos sairiam do sufoco financeiro, as transportadoras reganhariam dinâmica, o sistema de previdência social ficaria aliviado, os artistas voltariam a encontrariam palcos para as suas atividades, e muito mais ganharia o país.

Acredito que a economia nacional ganharia, assim, uma nova dinâmica, salvaria muitos empregos, proporcionaria maior escoamento de produtos agrícolas e pesqueiros nacionais, e proporcionaria descompressão psicológica nas pessoas, tantos residentes como visitantes.

A aquisição de vacinas para cerca de 55.000 pessoas residentes nas duas ilhas deveria ser encarada como ação de estratégia nacional, que mobilizaria as autoridades nacionais para um enérgico e estratégico engajamento. Conhecidas que são as dificuldades na aquisição das vacinas, devido à relativa baixa oferta, quando comparada com a procura pelos países e organizações financeiramente mais robustos, hábeis ações diplomáticas constituirão imperativo a que não se poderia furtar o Governo e demais atores políticos. Os próprios operadores turísticos e demais stakeholders nessas ilhas, poderiam exercer suas influências junto dos fornecedores das vacinas.

Quem financiaria as vacinas?

Os recursos financeiros para as aquisições das vacinas necessárias resultariam das receitas da própria dinâmica económica, pois os custos decorrentes do desemprego e da inatividade são mais elevados que os da aquisição das vacinas. Daí que a questão poderá não ser de ordem financeira.

Estas medidas seriam tidas como emergenciais e de resposta à Covid19. Daí que poderão e deverão ser implementadas com significativa celeridade, precisando que seus contornos e as estratégias de intervenção ficar livres de certas burocracias e formalidades que muitas vezes emperram intervenções robustas e céleres. Por estas razões, a garantia da eficiência e da eficácia do desejado poderia implicar a constituição de uma reduzida equipa de trabalho integrada por representantes de operadores privados e por representantes de autoridades públicas com poderes decisórios para rápidas atuações.

A questão da diversificação da base económica para sustentação do PIB, em complemento das receitas geradas pelo turismo para a produção da riqueza nacional, poderá constituir matéria para alimentar um outro exercício, de resto já iniciado.

A bem da população e da economia nacionais.

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