Cabo Verde: Turistas a conta-gotas e contas em contra-relógio.

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A ilha do Sal, uma das mais turísticas de Cabo Verde, é o espelho de uma economia profundamente abalada pela pandemia de covid-19. Os empresários de diferentes sectores fazem as contas à vida, numa altura em que os turistas vão regressando a conta-gotas. O panorama de uma ilha paradisíaca à espera de dias melhores nesta reportagem.

Os turistas começam a regressar à ilha do Sal, a mais procurada em Cabo Verde, mas ainda de forma tímida. Um dos locais habitualmente mais visitados é a piscina natural de Buracona, no meio de rochas vulcânicas, e que tem ainda poucas visitas. É que depois de os voos internacionais terem estado suspensos entre 19 de Março a 12 de Outubro de 2020, para conter a pandemia, só agora é que os turistas começam a voltar.

Cyprian Bazydlo veio de Varsóvia, na Polónia, com quatro amigos passar uma semana nesta ilha, depois de ter feito quatro testes PCR para poder viajar. O avião vinha com cerca de 120 pessoas. Cyprian conta que “a ilha é segura, é óptima agora porque não tem muita gente e porque há imensas medidas sanitárias, máscaras, gel, o que o faz sentir muito seguro”.

Nesta zona das piscinas naturais, pode encontrar-se o “Olho Azul”, um reflexo do sol na água que cria um foco de um azul intenso numa gruta. Levy Santos está de férias e quis viajar apesar de admitir ser um momento “complicado” para o fazer.

Mas os turistas chegam a conta-gotas. Luciano Teixeira, o gerente do espaço, nem sabe bem como é que o negócio tem sobrevivido e explica que, basicamente, as contas estão em contra-relógio. Por outro lado, explica-nos em que consiste este local protegido.

Outro “ex-líbris” da ilha do Sal são as salinas de Pedra Lume que também estão no vermelho em termos de actividade, conta António Silva, director das salinas que integram desde 2004 a lista indicativa de Cabo Verde para património da UNESCO.

Um pouco mais optimista está o taxista Ivan Monteiro. O jovem conseguiu manter a actividade, mas com muito menos trabalho, tem amigos que tiveram de regressar para as suas ilhas de origem por falta de rendimentos mas acredita que começam a chegar sinais de melhorias.

A pandemia de Covid-19 tirou mais de 610 mil turistas a Cabo Verde no ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. O sector do turismo garante 25% do Produto Interno Bruto cabo-verdiano e emprega mais de 20% dos trabalhadores em Cabo Verde. Depois do recorde de 819 mil turistas em 2019, a queda foi estrondosa. Uma “situação sem paralelo” que teve um forte impacto na ilha mais turística do país, o Sal, explica o secretário da Câmara de Turismo de Cabo Verde. Humberto Lélis acredita, ainda assim, no “boom” do turismo pós-Covid de que Cabo Verde vai beneficiar.

A economia do arquipélago sofreu uma recessão equivalente a 14,8% PIB em 2020, devido à pandemia, segundo indicadores divulgados no final de Março pelo INE. O Fundo Monetário Internacional admitiu que o “choque” económico da covid-19 em Cabo Verde “foi mais forte do que o previsto”, mas que as medidas de apoio tomadas pelas autoridades ajudaram a “conter o impacto”. Fica a esperança de uma retoma rápida do turismo, ainda que o último relatório do FMI alerte para as “incertezas” sobre a duração da pandemia, o que pode ameaçar a recuperação económica esperada em 2021 já que economia está largamente dependente da retoma do turismo.

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