O crescimento do turismo deverá, doravante, no pós COVID-19, operar-se pela via dos veículos da qualificação e diversificação da oferta!

Humberto Lélis / Secretário - Geral

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É, a nosso ver, impensável que o país possa conferir um ritmo acelerado do crescimento económico, gerando mais e melhores empregos, enfim, almejar um patamar de desenvolvimento superior, sem que tónica essencial seja colocada na qualidade.

Cabo Verde, enquanto destino turistico, na sua virtude, deveria ser consequente de uma simbiose dos recursos naturais, da localização geoestratégica, mas, mais que tudo, uma realidade histórica cultural e social, portanto, de idiossincrasia, única no mundo.

Como é sabido o nosso país se caracteriza por incipiente efeito económico do turismo, na perspetiva da cadeia de valor do setor produtivo endógeno, referindo-nos à agricultura, à pesca, à indústria, à cultura de entre outros domínios, tendo por assinalar, a título de exemplo, que 90% dos insumos do setor da hotelaria e restauração, portando o Food and Beverage, estimado entre 60 a 70 milhões de euros, é tudo importado de fora.

Por conseguinte, a abordagem da sustentabilidade do desenvolvimento deverá ser compreendida como indissociável do efeito multiplicador económico que se almeja para o setor do turismo, enquanto motor da nossa economia, e tal desígnio só é alcançável quando condições efetivas foram engendradas, ligando este setor a outros a montante e a jusante, nomeadamente o agronegócio, a pesca e a nossa indústria, incluindo, obviamente, as criativas e eis a razão de ser e da importância do sucesso da implementação do sistema de gestão normalizado que deverá constituir uma mais valia para as nossas empresas, sabendo ser este passo determinante para as conectar com o mercado e, por esta via, engendrar as condições de alavancagem económica e financeira.

O crescimento do turismo deverá, doravante, no pós COVID-19, operar-se pela via dos veículos da qualificação e diversificação da oferta, pois, nas condições de Cabo Verde, é impensável e extremamente pernicioso que a competitividade seja promovida pelo mecanismo dos preços, pelo perigo de fraturas sistémicas e pelo risco da gangrena no setor empresarial privado, o que, acontecendo comportaria consequentes metástases no tecido social.

Claro está, o desafio maior é do “reprofiling”, por tando da qualidade, em termos de produto, ou seja, do lado da oferta, e da reorientação em termos de segmentos e mercados emissores, ou melhor, do lado da procura.

A qualidade, nesta perspetiva, deverá ser, também, entendida como pressuposto indissociável da remuneração dos capitais, do capital tangível e financeiro, do capital humano, do capital que representa o país todo, incisivamente pelo mecanismo das contribuições fiscais e parafiscais.

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