Gualberto do Rosário vai deixar presidência da Câmara do Turismo de Cabo Verde

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Gualberto do Rosário vai deixar a presidência da Câmara do Turismo de Cabo Verde para “abraçar outros projectos e prioridades” nesta fase da sua vida “incompatíveis” com a sua permanência no conselho directivo daquela instituição.

Gualberto do Rosário, que há largos anos vem liderando a Câmara de Turismo, descartou hoje em declarações à Inforpress qualquer hipótese de se recandidatar ao cargo, tendo “há muito tempo”, conforme disse, anunciado essa sua intenção aos seus pares, e mesmo a alguns membros da Câmara do Turismo quando abordado sobre o assunto.

“Neste momento não se justifica mais a minha candidatura, tanto mais que estou na Câmara de Turismo há largos anos, nem sei quantos, mas é muito tempo, e não sou pessoa para me eternizar nas responsabilidades deste tipo, sobretudo”, sublinhou a mesma fonte, que começou a liderança na Associação de Operadores Turísticos (Unotur), a qual veio a ser transformada em Câmara de Turismo de Cabo Verde (Unotur–CTCV).

Gualberto do Rosário, que ainda dirige a instituição até a realização da respectiva assembleia-geral, prevista para este mês de Janeiro, entretanto adiada devido a nova vaga da covid-19, disse ter outras prioridades também nesta fase da sua vida.

“Tracei outras prioridades, estou a conseguir atingi-las, ao que parece, ou pelo menos construir os caminhos para atingir os objectivos a que me propus neste momento (…) e são incompatíveis com a permanência no conselho directivo da Câmara do Turismo, que é uma função que absorve excessivo o tempo”, explicou.

Relativamente às críticas quanto à não realização ainda da assembleia-geral, Gualberto do Rosário disse que não é ele que reúne as condições para o efeito, não sendo o responsável pela convocação da assembleia.

Esclareceu que o que aconteceu é que o presidente da mesa da assembleia que já tinha convocado a assembleia para 12 deste mês entendeu que no actual contexto não é adequado realizar uma reunião dessa natureza, que não garantisse a presença maioritária dos membros da câmara.

“E sabemos que estamos a viver um contexto difícil, de muitas incertezas, e não é seguro conseguir reunir as condições neste contexto de pandemia, da nova variante ou das novas variantes. Não é sensato reunir a assembleia-geral, nem sequer é justo e certo para com a instituição e os membros”, fundamentou.

Desvalorizando as críticas, Gualberto do Rosário disse que o importante é que a instituição consolide cada vez mais e seja a “grande instituição” no sector privado em Cabo Verde.

Questionado sobre como deixa a Câmara de Turismo, respondeu numa só palavra, ou seja, “feliz”.

“Deixo a Câmara do Turismo bastante feliz, porque, inicialmente, ninguém acreditava que era possível construir uma câmara de turismo, mesmo os membros da Unotur, de uma maneira geral, não acreditaram na construção de uma Câmara de Comércio. Foi preciso muita luta, e ao longo do tempo fomos construindo uma instituição que é muito sólida, com grande credibilidade interna e externa”, enfatizou.

Reforçando essa credibilidade, Gualberto do Rosário sublinhou que a Câmara de Turismo é membro de “importantes organizações externas” designadamente a Confederação de Instituições do Sector Privado do Turismo da CEDEAO, do Conselho de Concertação Social que, conforme disse, tem participado e dado o seu contributo não apenas no sector do turismo, mas para a regulação social de uma forma geral.

“Há muitas leis, as pessoas provavelmente não sabem disso, mas há muitas leis e instituições criadas em Cabo Verde que partiram da Câmara do Turismo, não só propostas, mas nalguns casos o próprio pacote legislativo foi desenhado pela Câmara do Turismo, merecido apoio dos governos a aprovação e publicação e hoje existem”, rememorou.

Mas, segundo Gualberto do Rosário, o que, sobretudo, mais lhe agrada e lhe dá satisfação é a Câmara do Turismo ter contribuído para a democracia.

“Porque esta é uma organização da sociedade civil importantíssima, participa num órgão constitucional de grande importância que é o Conselho de Concertação Social, dialoga em nome do sector privado afecto ao turismo com as instituições numa lógica de cooperação, procura de convergência e soluções para os nossos problemas, tem parcerias internacionais (…)”, enfatizou.

“Portanto, são grandes conquistas que conseguimos e eu só posso estar feliz e realizado com este desafio, que foi efectivamente um grande desafio”, concluiu, sem, contudo avançar os novos projectos a que se propõe actualmente.

“São segredos meus, mas já estou a trabalhar”, finalizou Gualberto do Rosário, que agora vive em São Nicolau, opção que tem também muito a ver com os seus projectos cuja dimensão, conforme adiantou, ultrapassa a sua pessoa, o privado estritamente, mas entra no domínio de outras preocupações em matéria social, que no “momento adequado” será do conhecimento público.

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