Fila de espera por jatos da Airbus vira trunfo para a Boeing

Venda de jatos 50 737 MAX para companhia aérea dos EUA surpreendeu por contrariar lógica de um fabricante apenas

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Boeing está atualmente sem condições de fazer frente ao sucesso comercial da família A320neo, da Airbus. Mas, por incrível que pareça, há uma ‘vantagem’ nessa situação, a fila de espera pelas aeronaves da fabricante europeia. Segundo analistas, a espera por um jato de corredor único da Airbus pode levar de cinco a seis anos, algo que torna insano o planejamento de algumas clientes.

Diante desse cenário, a grande disponibilidade dos jatos 737 MAX cai como uma luva para companhias aéreas que precisam modernizar suas frotas com mais urgência. É o que ocorreu com a Allegiant Air, companhia aérea low-cost sediada em Las Vegas que anunciou uma encomenda de 30 737 MAX 7 e 20 737 MAX 8-200 nesta semana. O acordo surpreendeu já que a empresa tem uma frota exclusiva de aviões A319 e A320 de primeira geração. No entanto, o chefe financeiro da empresa, Robert Neal, confessou ao site Flight Global que a Boeing tinha preços muito atraentes pelo 737 MAX e condição de entregá-los logo – os primeiros aviões chegarão no ano que vem.

De facto, a Boeing lida com uma enorme frota das aeronaves armazenadas após os longos meses em que o 737 MAX foi banido de voar. Desde o final de 2020, quando o avião foi autorizado, conseguiu entregar apenas uma pequena parte dos cerca de 450 unidades que estão concluídas. Nesse meio tempo ocorreram muitos cancelamentos e postergamentos diante da retomada lenta do transporte aéreo, tornando a tarefa de encontrar clientes mais difíceis.

Isso sugere que a fabricante dos EUA parece ter sido agressiva em oferecer seus aviões por preços mais atraentes e com a possibilidade de recebê-los em pouco tempo. Até a variante 737 MAX 7, que concorre com o A220, passou a ser competitiva, a despeito da certificação ainda estar pendente – a Boeing espera obter o aval da FAA neste ano.

Efeito limitado

Obviamente, essa suposta vantagem tem um efeito limitado. A Airbus, que produz mensalmente 45 jatos da família A320neo, pretende chegar a um ritmo de 64 aeronaves por mês nos próximos anos a fim de dar conta da demanda. Enquanto isso, a Boeing se esforça para produzir 31 737 MAX por mês além de ter dezenas de aeronaves ‘cauda branca’, como são chamados os aviões prontos, mas que não têm comprador.

A situação é mais desequilibrada no segmento de narrowbodies de alta capacidade onde o 737 MAX 9 e 10 e têm pouco o que oferecer contra o A321neo e suas variantes de longo alcance LR e XLR, esta capaz de um alcance impressionante de 8.700 km e que entrará em serviço em 2023. E não há solução a médio prazo para reverter a desvantagem já que a Boeing protela o lançamento de uma nova aeronave de corredor único. Nesse sentido, descontos e aviões para pronta entrega talvez não sejam suficientes para compensar a melhor posição da Airbus.

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