Revista alemã explica como o turismo de massas está a destruir cidades – uma delas é o Porto

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Já lá vai o tempo em que viajar era um privilégio ou um luxo. Hoje, as companhias aéreas low cost contribuem em grande parte para o turismo de massas. Os residentes destes populares destinos já sentem os efeitos – são também eles turistas na própria cidade. E o Porto é uma das cidades que está ameaçada por este excesso de turismo.

Segundo a revista alemã Spiegel Online, as grandes concentrações de turistas começam a destruir os populares destinos turísticos e a dificultar cada vez mais a vida dos residentes dessas regiões.

 

O Porto é uma das cidades portuguesas mais ameaçadas pelo excesso de turismo. A Livraria Lello é uma das principais atrações e recebe viajantes de todos os cantos do mundo. Todos querem tirar selfies e percorrer os corredores repletos de livros. Popular e com grande número de visitantes, começou a cobrar cinco euros de entrada para conseguir manter as portas abertas.

Portugal está a passar por um enorme crescimento turístico e o Porto não é diferente. Só no ano passado, cerca 2.5 milhões de turistas visitou a cidade e metade deles foi descobrir a Livraria Lello. Mesmo sendo um destino que não está tão sobrelotado como Barcelona ou Amesterdão, já existe uma diferença entre a parte turística e a área onde os locais vivem. Os residentes do Porto também têm que pagar cincos e esperar na fila, sendo que o valor despendido pode ser reembolsado em compras.

Na década de 1960, ainda não existia nenhuma ideia do que era o turismo de massas já que viajar era um privilégio dos mais afortunados. Para muitas pessoas uma viagem de carro por Espanha ou França, era a única opção que conseguiam suportar. E, é claro, visitar cidades como Veneza, Palma ou Roma era algo que apenas sonhavam.

Mas o turismo moderno tem muito pouco em comum com este sonho distante. O número de companhias aéreas low cost a transportar milhões de passageiros para as praias e centros turísticos é cada vez maior.

Os viajantes chegam, guardam as fabulosas paisagens e momentos em forma de selfie e partem para o próximo destino. Em 1997, foram transportados globalmente 1.45 biliões de passageiros. Mas 20 anos depois, em 2017, este número subiu para 3.98 biliões – um valor impressionante.

Têm sido os turistas, e não os residentes locais, que transformam e moldam a imagem de algumas das mais belas e únicas cidades europeias. São transformadas em museus e parques temáticos, onde são desenvolvidas zonas próprias para turistas. E onde a população local pode trabalhar mas certamente não vai querer viver. Mas a que se deve este problema?

Turismo Moderno Predatório

Esta forma de viajar e de turismo começa a devorar a beleza dos locais mais desejados pelos viajantes. Hoje, as famosas reservas turísticas já não satisfazem as necessidades destas novas massas que viajam, quase, sem parar. As multidões que procuram calor e sol aumentaram tanto que algumas praias no sul da Europa podem ser fechadas devido a este turismo de massas.

A maioria das vezes estes viajantes permanecem pouco tempo nos locais que visitam, mas comportam-se como se a cidade fosse deles. Viajar pelo mundo deixou de ser um produto de luxo e tornou-se em algo banal. O meio digital teve um papel importante neste boom, abrindo a porta de novos mercados. Se quiser passar uns dias em Maiorca ou em Santorini, basta alguns cliques para encontrar o voo ideal e o alojamento perfeito. E geralmente a preços baixos. Mas a verdade é que as infraestruturas dos países já não conseguem suportar tantos visitantes. Exemplo das regiões alemãs de Sylt e Rugen, onde os hotéis e as pensões não têm quaisquer reservas disponíveis até ao final do verão.

«Turistas vão para casa»

Com as infraestruturas locais e as cidades sobrelotadas, a indústria das viagens começa a sufocar no seu próprio sucesso. Não são só os europeus a explorar outros países. Este boom turístico é alimentado por pessoas de todos o mundo que beneficiam em grande parte com a globalização. Mas os residentes das populares regiões turísticas é que sofrem mais com este problema – é mais rentável alugar um quarto a um turista do que a um habitante local.

Assim, a indústria turística enfrenta um novo obstáculo, ao qual nunca dedicou muita atenção: os anfitriões dos alojamentos. Em diferentes países este sentimento começa a ser expressado de diversas formas. Em Maiorca, foi proclamado um «verão de ação» com protestos contra os viajantes no aeroporto e em hotéis e, em Veneza, foi proibida a entrada de navios de cruzeiro no porto da cidade. A frase «Turistas vão para casa», pintada nas paredes, também começa a ser comum em locais com grandes concentrações turísticas.

Excesso de Turismo

A indústria do turismo tem começado a reconhecer que o excesso de turismo é um problema real e que precisa de ser solucionado. Mas será isso possível com o número de turistas a aumentar constantemente? Portugal é um dos países em que o Turismo aumenta e com isso os serviços adjacentes como a construção de Hotéis, Restaurantes, Lojas de Souvenirs, ou mesmo o aluguer de viaturas. Também os sites destes setores ganham com isso e por isso cada vez mais oferta como por exemplo o Aluguerdecarrosbaratos.pt em Portugal que tem bastante oferta para conhecer o país e com isso aumentar o trafego rodoviário nas grandes cidades como o Porto.

De acordo com algumas estimativas referentes ao turismo, em 2030 é esperado que o número de turistas ultrapasse os 1800 milhões. E uma grande percentagem destes viajantes e descobridores modernos provem da China. Jean-Frédéric Gonthier, porta-voz da associação de turismo de Provença, em França, divulgou que cerca de 60 mil visitantes chineses chegam todos os verões para observar os campos de lavanda da popular serie televisiva chinesa, «Dreams Behind a Crystal Curtain».

Este fenómeno alterou por completo a vida dos agricultores desta região que tiveram de se adaptar aos novos viajantes. E até aprender a falar mandarim.

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