Cabo Verde recebeu apenas três navios de cruzeiro no primeiro semestre do ano, com pouco mais de 2.400 turistas, uma quebra de 77,5% face ao mesmo período de 2020, já então fortemente condicionado pela pandemia de covid-19
De acordo com um relatório estatístico da empresa pública Enapor, que gere os nove portos do arquipélago, de janeiro a junho deste ano apenas o Porto Grande, ilha de São Vicente, recebeu navios de cruzeiro, três contra os 18 que ali tinham atracado no mesmo período de 2020, mobilizando então 10.690 passageiros.
Os três navios de cruzeiro contabilizados no primeiro semestre deste ano comparam com os 38 do mesmo período de 2020 — que na prática foi apenas até março, tendo sido proibida a atracagem destes navios até final do ano devido à transmissão da pandemia de covid-19 –, movimentando 2.404 passageiros, face aos 18.872 de janeiro a junho do ano passado (-77,5%).
Cerca de 48.500 turistas em viagens em 149 navios de cruzeiro visitaram Cabo Verde em 2019, o melhor registo de sempre e um aumento de 3% face ao ano de 2018, segundo dados anteriores da Enapor.
Devido à pandemia de covid-19, o turismo de navios de cruzeiro ficou paralisado em 2020, mas alguns países já retomaram, de forma gradual, a atividade.
Entretanto, o consórcio luso-cabo-verdiano constituído pelas empresas Mota-Engil e Empreitel Figueiredo vai construir o Terminal de Cruzeiros do Mindelo, ilha de São Vicente, uma das maiores obras públicas dos últimos anos em Cabo Verde, anunciou em abril último a Enapor.
“Tendo-se obtido a ‘não-objeção’ dos financiadores do projeto, a assinatura do contrato com o empreiteiro selecionado decorrerá nos próximos dias”, anunciou em comunicado aquela empresa pública, adiantando que a obra foi adjudicada por 26.483.603 euros e que tem um prazo estimado para conclusão de 22 meses.
“Os trabalhos vão envolver a conquista de um terrapleno, denominada ‘Ponte Terrestre’, com 2.700 metros quadrados, a dragagem de aproximadamente 124.000 metros cúbicos na bacia portuária e no canal de acesso e a reabilitação do cais nove, que passará a servir navios de recreio de pequeno porte”, acrescentou a Enapor.
Na sua “componente mais importante”, envolve ainda a construção de um molhe de atracação de 400 metros de comprimento, com uma profundidade de 11 metros a norte e nove metros a sul, bem como uma gare de passageiros com 900 metros quadrados de área e respetivo ordenamento exterior, incluindo um parque de estacionamento.
“Com este projeto, Mindelo terá um Terminal de Cruzeiros inovador, moderno e com características técnicas bastante avançadas”, garantiu a Enapor, perspetivando que o país passe a receber anualmente cerca de 200.000 turistas de cruzeiros após a conclusão deste empreendimento.
Esta obra é cofinanciada pelo Fundo ORIO, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional.