Igreja em Cabo Verde prepara Jubileu: 500 anos de Evangelização

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A Diocese de Santiago de Cabo Verde prepara-se para celebrar em 2033 o Jubileu dos 500 anos da sua fundação. Nesse mesmo ano a Diocese de Mindelo celebrará 30 anos de vida. Deste evento, em advir, falaram os bispos destas duas Dioceses ao Santo Padre no âmbito da recente Visita ad Limina. Das etapas de preparação para o Jubileu, assim como da questão da eventual beatificação de Manuel da Costa dos Rios, falaram também à Rádio Vaticano.

A criação da Diocese de Santiago remonta a 31 de Janeiro de 1533, como documenta a Bula “Pro Excelenti” do Papa Clemente VII. A sede era na cidade de Ribeira Grande, ilha de Santiago. Sufragânea da Diocese do Funchal, ereta na mesma data. A Diocese de Santiago abrangia não só o arquipélago cabo-verdiano, mas também 350 léguas de terra firme na costa ocidental da África, incluindo, portanto, a atual Gâmbia, o sul do Senegal, a Guiné-Bissau, a Guiné-Conacri, a Libéria, a Serra Leoa e a Costa do Marfim.

O primeiro Bispo nomeado para a Diocese foi Dom Braz Neto, ao tempo, Embaixador de Portugal em Roma. Mas tanto ele como diversos outros seus sucessores não chegaram a pôr os pés no arquipélago. No entanto, a evangelização das ilhas –  confiada,  já a partir da descoberta do arquipélago, em 1460, à Ordem de Cristo – continuou ao longo da sua história, tendo o país vindo a ter o seu primeiro bispo nativo, o espiritano Dom Paulino do Livramento em Évora, em 1975, ano em que Cabo Verde se tornou independente de Portugal.

A Diocese de Santiago continuaria a ser a única do país até 14 de novembro de 2003, data em que o Papa João Paulo II, criou, com território desmembrado dela, a Diocese de Mindelo, cujo atual Bispo é Dom Ildo Fortes. O primeiro foi Dom Arlindo Gomes Furtado, agora Cardeal e Bispo de Santiago.

Em 2033, a Diocese de Santiago celebrará, portanto, 500 anos de fundação, e a Diocese de Mindelo, 30 anos. Um Jubileu que a Igreja no país está já a preparar, com dez anos de antecedência. Um período dividido – explica o Cardeal Dom Arlindo Furtado – em três etapas: investigação e facilitação do conhecimento da história da Igreja em Cabo Verde; consolidação dessa história no contexto actual; e projecção no futuro.

A convite da Diocese de Santiago, também a de Mindelo está plenamente envolvida nesta preparação, pois que a história é essencialmente comum, sublinha Dom Ildo Fortes.

Já algumas vezes se aventou a possibilidade de Cabo Verde vir a ter o seu primeiro beato e, quem sabe, santo. Tratar-se-ia de Manuel da Costa dos Ríos, mais conhecido por “Negro Manuel”, ou “Escravo Manuel”. Para além de Cabo Verde a história do Manuel da Costa dos Ríos está ligada à padroeira da Argentina, Nossa Senhora de Lujan.

Manuel terá chegado a Cabo Verde, em condições de escravatura, proveniente da costa ocidental africana. Ali terá sido batizado e depois vendido como parte de um lote de africanos escravizados. Seguiu para Pernambuco, no Brasil, donde terá sido levado para a capital da Argentina, Buenos Aires.

Ao ser batizado em Cabo Verde, recebeu o nome cristão de Manuel. A esse nome juntou-se, como era costume na época, o lugar de nascimento. Passou então a chamar-se Manuel Costa dos Rios.

O seu “dono”  era o capitão Bernabé Gonzáles Filiano Oramas, que  lhe confiou a tarefa exclusiva de cuidar da imagem da Virgem de Luján, tarefa que Manuel desempenhou fielmente na Vila de Luján, perto de Buenes Aires, ao longo de 56 anos, até quando morreu, em finais de 1686. Por este motivo, Manuel sempre se considerou “ser da Virgem e de mais ninguém” e por isso ele a invocava constantemente como sua “Dona” e “Senhora”. Ele foi sempre uma manifestação viva do seu terno amor para com a Virgem Imaculada, através do fiel ministério de a servir na condição de humilde sacristão.

Em meados da década de 1990, na Argentina, foi formada uma comissão integrando religiosos, historiadores e outros especialistas para analisar a possibilidade de Manuel ser beatificado. Mas até hoje tem havido escassas notícias sobre esse processo,  o que nos levou a perguntar ao Cardeal Dom Arlindo e a Dom Ildo Fortes se o assunto continua de pé e se tiveram oportunidade de falar disso com o Santo Padre. A resposta é que o processo estará ainda na fase diocesana, dependendo da Arquidiocese de Buenes Aires. À Igreja em Cabo Verde, só foi pedido, até agora, se tem alguma informação histórica sobre o Manuel, pedido a que respondeu.

O Cardeal Dom Arlindo e Dom Ildo Fortes, a propósito do Jubileu de 2033 dos 500 anos da Igreja em Cabo Verde e acerca do processo de beatificação do Manuel da Costa dos Rios que difundiu na Argentina a devoção a Nossa Senhora de Luján, padroeira, hoje, de três países da América Latina: Argentina, Uruguai e Paraguai.

A Visita ad Limina Apostolorum da Conferência Episcopal de que os Bispos de Cabo Verde fazem parte, juntamente com os do Senegal, Guiné-Bissau e Mauritânia, teve lugar de 10 a 18(10/2022.

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