Segundo moradores entrevistados pela Inforpress, nomeadamente dos bairros da Pretória, Hortelã, Morro Curral do centro da Preguiça e outros bairros nos Espargos, bem como na cidade turística de Santa Maria, “nunca Sal esteve tão suja como ultimamente”.
Ao fazer essa leitura, e questionando por que as ruas estão tão sujas, dizem que a explicação se deve ao recente “braço de ferro” entre a empresa de limpeza urbana, Salimpa e a Câmara Municipal do Sal, o que, conforme reprovam, “só” veio prejudicar a população, colocando também em risco a saúde pública.
“Abundam cenários de grande imundície em vários bairros. Se dentro da cidade a situação é o que é… imagine-se para os lados dos bairros degradados de Alto São João e Alto Santa Cruz”, exterioriza Alcinda Rodrigues, que acusa a câmara de incapacidade de limpar a urbe.
Já Orlando Monteiro, Fátima Pinto e outros, aborrecidos com a situação de sujeira que a ilha se encontra neste momento, apontam também o dedo à Câmara Municipal, acusando-a de incapacidade para fazer a recolha de lixo, convenientemente, embora criticando também alguns cidadãos pela permanente falta de civilidade e urbanidade.
“Mas convenhamos que as pessoas também não ajudam. A câmara, depois que reassumiu a limpeza urbana tem mostrado, claramente incapacidade em dar resposta às demandas. Mas há uma total falta de civismo também por parte das pessoas”, desabafam uns e outros.
Alem disso, apontam que, acompanhado de sacos de plástico, garrafas, fraldas, restos de comida, entre outras imundícies espalhadas pelo chão, vê-se excrementos de animais, sobretudo de cães vadios, que no seu entendimento demonstra que a comunidade “não está” nem um pouco preocupada com o espaço público.
Por outro lado, admitindo a importância de se pagar a taxa de lixo, os comerciantes queixam-se, entretanto, de estarem a suportar dupla despesa neste sentido.
“Actualmente, faz-se o pagamento da taxa de lixo nos balcões da Câmara Municipal. Entretanto, a câmara não faz a recolha de lixo, o que obriga os donos dos diferentes estabelecimentos comerciais a pagarem uma carrinha cerca de 400, 500 e mesmo 600 escudos – dia sim, dia não -, para retirar o lixo acumulado. Assim não dá. E se a gente não pagar não lhe é renovado o alvará. Este é o país que temos”, explicam alguns dos comerciantes em tom de desabafo.
Perante o cenário, e colocando a questão de quem é a culpa, se dos serviços de limpeza da câmara ou dos cidadãos, para algumas pessoas, os munícipes “não têm nada a ver” com a contenda entre a autarquia e a Salimpa, exigindo, simplesmente, melhor saneamento na ilha.
“Queremos que a ilha do Sal esteja limpa. Antes a gente respirava ar fresco, agora respira-se imundície num ambiente fétido. O município é que tem que arranjar formas de contornar a questão de recolha do lixo. A situação como está é que não pode continuar”, advertem, questionando: “Que imagem é que os turistas levam da ilha. E que impacto isso pode estar a ter?”.