O Instituto do Património Cultural (IPC) quer que o Governo proceda à revisão da legislação nacional sobre os museus para poder trabalhar as bases para o projecto “Museus de Cabo Verde”.
A solicitação foi feita ontem, na Cidade da Praia, pelo presidente do IPC, Jair Fernandes, na cerimónia de abertura do seminário sobre museologia denominado “Concepção e Desenvolvimento de um Plano Museológico”.
Em declarações à imprensa, Jair Fernandes disse que o objectivo do Instituto é trabalhar na formação de especialistas e técnicos nacionais, visando a integração das estruturas museológicas no que é o desenvolvimento do país a partir do turismo.
Tudo isso, explicou, porque as ilhas do Sal e Boa Vista possuem um turismo particular, que, através dos museus culturais, pode posicionar no turismo cultural, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável das comunidades.
“Para essas mudanças começamos com esta formação, antes do fim do ano vamos fazer um fórum nacional sobre as políticas públicas ligadas aos museus, respondendo assim, com antecedência, ao Orçamento do Estado de 2018, que prevê investimento forte no sector”, indicou.
Segundo Jair Fernandes, para se trabalhar o plano é preciso fazer um diagnóstico da situação das estruturas museológicas existentes no país e um estudo de impacto das estruturas no local onde se encontrar na perspetiva educacional, cultural e económica visando o desenvolvimento local.
“É preciso uma solução política alinhada com as agendas internacionais, e, acima de tudo, uma integração das câmaras municipais e das comunidades neste processo. Os primeiros passos já estão a ser dados, o que falta é a tomada de consciência das autoridades nacionais e locais do processo como pertence das comunidades”, indicou.
O responsável do IPC afirmou que o instituto pretende, no primeiro semestre de 2018, montar o projeto Museus de Cabo Verde, adiantando que a aposta está sendo feita a nível de cinco estruturas localizadas nas ilhas e municípios com maior demanda turística, ou seja, nas ilhas do Sal, Boa Vista e São Vicente, Cidade Velha e Tarrafal.
Questionado se a vertente religiosa será também trabalhada neste plano, Jair Fernandes respondeu que o instituto tem reunido com a igreja visto que 60% do património cultural arquitetónico do país são religiosas.
A intenção, explica, é que se invista mais nos restauros, nos espaços de acolhimento e que haja maior envolvimento das câmaras municipais e estruturas locais.
O presidente do IPC lembrou, ainda, que em Cabo Verde existem 24 estruturas museológicas, que necessitam ser fiscalizadas e certificadas para poderem funcionar na sua plenitude, uma vez que “se está a confundir exposições com museus”.
O seminário sobre museologia, que decorre até sábado, 30, vai incidir sobre a construção do relato num espaço “Património da Humanidade: Cidade Velha” para debater alguns temas sobre a matéria.