O futuro do turismo depende da sustentabilidade, onde todos os sectores deverão funcionar em consonância. Os turistas deverão respeitar os locais, a cultura e o ambiente, bem como os viajantes precisam de se sentir parte integrante do meio que visitam. Aparecerão novos perfis de turistas, novos destinos, novas classes sociais, questões políticas, tecnologia, fidelização, saúde e sustentabilidade, tudo isso vão decidir o comportamento da Indústria Turística a médio e longo prazo.
Cabo Verde tem que estar preparado para essas alterações no mundo do turismo. Foi nesta tónica que o Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva frisou na sua intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas onde destacou desafios ao desenvolvimento e anunciou metas para a transição energética e resiliência ao clima no país africano.
Ulisses Correia disse que os cabo-verdianos têm a aspiração legítima de tornar Cabo Verde um país de alta renda, e que a boa notícia relativamente a essas transformações que sucederão no mundo actual e as grandes tendências do futuro vão no sentido de valorização dos recursos que Cabo Verde possui e que nas gerações passadas, eram sinónimo de problemas.
Relativamente a questão dos recursos naturais, disse que “o mar, que era cantado pelos nossos músicos e poetas como caminho para a migração e a saudade, hoje é um recurso transformado em economia azul e em turismo. O vento e sol, que eram sinais de estiagens, hoje são recursos para produzir energia renovável. A localização que nos colocava distantes do mundo hoje é um recurso importante para impulsionar Cabo Verde no Atlântico Médio como uma plataforma para a economia de circulação entre África, Europa, Estados Unidos e Brasil.”
O primeiro-ministro disse que os cabo-verdianos não inventaram um novo país, mas habituaram-se “a viver com ele, a ultrapassar as dificuldades e assumir um compromisso patriótico com o desenvolvimento.”
Sobre o apoio que o país receberia dos seus parceiros, sublinhou que em 2008 que Cabo Verde graduou-se a país de desenvolvimento médio e que essa graduação trouxe alguns desafios e que agora o objetivo é tornar-se um Estado de renda alta. E acrescentou que “O objetivo não é sair da estação de país menos avançado para ficar na estação de país de rendimento médio, em condições de financiamento e de cooperação mais penalizantes. O objetivo é atingir o desenvolvimento e a renda alta. É necessário, por isso, que o processo de transição tenha em conta, e como meta, o desenvolvimento e que os mecanismos e as condições de financiamento sejam coerentes e consistentes para lá chegar.”
O seu discurso também abarcou a questão da estratégia que o país programou na gestão de recursos de água e de transição energética. Cabo Verde é vulnerável aos fenómenos naturais, particularmente a seca. Por isso, foi introduzido no país o primeiro dessalinizador de água do mar há 50 anos. Hoje 70% da população usa água dessalinizada para o seu consumo. Nos próximos anos, com os investimentos em curso, o país pretende atingir 90%. As estratégias que estão a ser implementadas são para diversificar as fontes de água para agricultura, da estratégia de transição energética, reduzir independência de combustíveis fósseis. Partindo dos atuais 20% a meta é atingir 30% de produção de energia elétrica a partir de fontes de energias renováveis até 2025, superar os 50% até 2030 e atingir 100% até 2040.
Sobre este tema, o chefe de governo lembrou que Cabo Verde foi o primeiro país africano a aderir à Aliança para Descarbonização dos Transportes. Até 2050, o país deve substituir todos os meios de transporte público para veículos eléctricos.
O Primeiro-Ministro concluiu dizendo que este é o momento para acelerar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. E Cabo Verde quer ser um interlocutor útil no concerto das nações, para o diálogo para a paz e tolerância e como um aliado credível para a segurança cooperativa face à criminalidade transnacional, como tráfico de drogas, de pessoas e terrorismo e que é a hora de ir além das intenções e agir com ações concretas, mensuráveis e comprometidas com as ambições dos povos e as necessidades globais.