Os grandes e iminentes desafios para melhorar o ambiente de negócio, Vacinas e Cash-Flow

Associação Empresarial de Cabo Verde-Cabo Verde Empresas

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Os associados da Cabo Verde Empresas estão sempre mais esperançosos de que nos próximos meses haja uma recuperação gradual do turismo. Em primeiro lugar a chegada das vacinas de Portugal e Covax e agora a confirmação de mais 100.00 doses a chegar de Hungria. Como foi confirmado hoje pelo PM, Ulisses Correia e Silva, há também negociações em curso pela aquisição de mais vacinas a partir dos nossos países parceiros e até uma declarada discriminação positiva para dar prioridade a vacinação dos residentes e trabalhadores nas ilhas do Sal e Boavista que através da indústria turística são os primeiros contribuintes do Estado.

Todos esperamos que as notícias recebidas em breve se tornem realidade, porém, seja qual for o prazo, algumas decisões importantes terão que ser tomadas e, ao invés de chegar tarde, é melhor começar a pensar nisso imediatamente! Administrar a recuperação da economia junto com a retoma do turismo pode parecer fácil e óbvio, mas não é de todo! Neste sentido a Cabo Verde Empresas solicita um diálogo entres os operadores económicos, o sistema bancário nacional e o Governo.

As empresas pedem para que as medidas políticas de apoio e proteção, como lay-off e moratórias sejam confirmadas desde já até uma real retoma do turismo. E’ preciso garantir um ciclo financeiro positivo ás empresas para que sejam em condições de pagar funcionários e dividas de forma compatível com os pagamentos dos serviços e produtos vendidos.

Por exemplo, a recuperação da economia exigirá a recompra de matérias-primas, para as quais não haverá liquidez e, provavelmente, nem mesmo a possibilidade de novos endividamentos dado o “risco” atualmente percebido pelo sistema bancário sobre os cenários futuros e incertos.

Porém, as faturas de vendas das empresas não serão pagas imediatamente, pois ninguém terá os recursos para recomeçar com os pagamentos imediatos. O sistema empresarial passará a ter de suportar novamente todos os custos e encargos financeiros sem poder imediatamente usufruir do cash-flow decorrente das suas vendas.

Na prática, a recuperação da economia sem uma regulação gradual das políticas de suporte, levará a empresa ao não cumprimento de todas as obrigações pendentes, trazendo-a de volta à crise de liquidez e nos casos mais graves, ao seu encerramento. Um default não desejado pelo sistema político, financeiro, empresarial e certamente social, em quando “empresa” significa trabalhadores, famílias, futuro.

O problema é obviamente global e não diz respeito apenas às empresas cabo-verdianas. Quase todos os países da Comunidade Europeia já disponibilizaram apoios públicos através de garantias, para poderem reduzir a taxa de juro e alargar o prazo de reembolso, especialmente para dívidas contraídas na era pré-pandémica.

Esta política resultaria numa diminuição acentuada do valor da prestação periódica, salvaguardando o sistema bancário e o cumprimento do rácio de capital, mas sobretudo permitiria às empresas reposicionarem-se no mercado de imediato, podendo usufruir do retorno do turismo e, portanto, da economia que ele gera, em benefício de todo o sistema económico, social e político do país.

O sistema financeiro também poderia se alinhar em produtos específicos relacionados à tesouraria corporativa, como a possibilidade de adiantamento de faturas ou factoring com taxas de descontos “subsidiadas” nos primeiros meses de retoma.

Esta intervenção poderá também ser decisiva para proporcionar liquidez imediata às empresas, permitindo-lhes pagar as suas dívidas aos mesmos bancos e pagar aos empregados, ao Estado e aos fornecedores.

Há muitas possibilidades em termos de apoio ás empresas, várias são as opções, mas precisamos ter particular atenção para aquelas mais frágeis e essenciais para o bom funcionamento do pais, ou seja ás micros e pequenas empresas.

A retoma do turismo nem sempre se traduz em uma recuperação da economia: Governo, Finanças e Empresas devem encontrar juntas as melhores soluções para ajudar os empresários a retomar a economia do país em suas mãos, imediatamente devolvendo-os em pé suas atividades e dotando-os de todas as ferramentas necessárias para poder aproveitar a valorização do turismo e os benefícios que isso traz para todo o “sistema-pais”.

São as empresas que criam a riqueza económica e social do paìs. É preciso apostar no futuro das nossas empresas!

Andrea Benolli

Presidente Cabo Verde Empresas

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