Tudo começou num belo domingo de Novembro, a descoberta de Santiago, ilha que acolhe diversos tesouros e riquíssima história de Cabo Verde, proporcionado pelo ECOCV, Associação Cabo-verdiana de Ecoturismo, através de Fam Trip à Baía do Inferno, experimentando novas práticas de ecoturismo marinho de base comunitária em Santiago.
Partindo da cidade da Praia, uma breve paragem na localidade de Gouveia para visitar a Kaza du Panu di Terra, um pequeno projecto familiar dedicado à tradição do fabrico de “Pano di Terra”, realizado com apoio do Projecto Raiz Azul, onde as artesãs locais da Cooperativa Sulada apresentaram uma montra de produtos típicos fabricado com matérias-primas naturais, como Sisal e Aloe. De facto pode-se constatar in loco os excelentes produtos produzidos como sabonetes, óleos, loiças tradicionais, entre outros, para além de pequeno-almoço tipicamente tradicional com produtos da terra.
Depois de uma pequena confraternização com as artesãs, o ponto seguinte da Fam Trip foi o Porto Mosquito para um pequeno encontro com o pescador e o guia comunitário para acompanhou os convidados da Raiz Azul Tour, a maravilhosa Baía do Inferno. Do Porto Mosquito, uma vila piscatória simpática e de beleza natural, preparou-se a viagem de barco que consiste na informação de segurança, colocação de coletes salva vidas, entre outras para que a viagem seja eficaz e segura. Durante o percurso para a Baía do Inferno para além de observação dos pescadores na prática da pesca artesanal, foram apresentadas materiais informativos sobre as várias espécies de animais que habitam os céus e as águas deste original canto de Cabo Verde.
Na Baía do Inferno pode-se observar as aves raras como Fragata, Alcatraz, Rabo-de-Junco, ave de de beleza extraordinária. Desta localidade situa-se também a gruta Boca do Inferno, esculpida pela natureza. Da Baía do Inferno, mais para a frente chega-se a Baía da Papaia, outro lugar de uma beleza natural, selvagem e de água azul petróleo e límpida que incentiva a um mergulho neste canto maravilhoso de Santiago.
O regresso para Porto Mosquito foi mais rápido e durante o percurso encontram-se os pescadores a pescar com arpão e pequenas embarcações e ao longe vê-se o vulcão do Fogo na sua magnitude e em dias do Sol e sem nuvens pode-se ver a ilha na sua forma completa, uma paisagem deslumbrante por mar adentro.
Ao chegar ao Porto Mosquito depara-se com uma vista de uma vila piscatória que se for requalificada será um destino turístico de excelência na Ilha de Santiago, e dizem que possui um pôr-do-sol fabuloso e uma paisagem estonteante.
Na Vila, os locais proporcionaram um almoço típico, cachupa e peixe com molho de peixe, sumos de calabaceira, bissap, pastéis tradicionais, seguido de uma animação turística de qualidade, o batucadeiras da região e um grupo teatral de jovens de Porto Mosquito com muito talento na arte de representar. Foi uma aventura agradável e que poderá ser um excelente produto turístico, mas ainda precisa de alguns ajustes.
Os ajustes referem-se na requalificação da Vila Piscatória com um ancoradouro para os barcos de recreio. Aquisição dos barcos de recreio apropriado para estas actividades com maior segurança e mais acessível e inclusivo. Esta aventura a Baía do Inferno não é para toda a gente. Pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, as embarcações de pesca não dão segurança e mobilidade para observar e tirar fotografias as aves, bem como apreciar toda a região da Baía do Inferno em pormenor, porque os barcos não são estáveis para as pessoas com boa mobilidade e equilíbrio corporal, quanto mais para as pessoas do turismo sénior, a terceira idade e por isso não é acessível e isso faz com que a actividade não seja sustentável.
Contudo para as pessoas aptas para este tipo de aventura, vale a pena conhecer a Baía do Inferno, a sua gruta, as aves que nela habitam, as espécies marinhas, através de mergulho e a estonteante beleza da costa de Santiago ao longe o majestoso vulcão da Ilha do Fogo.
O Projecto Raiz Azul tem realizado acções de formação para preparar as comunidades para receber turistas tanto estrangeiros como locais. Por isso têm sido formados Guias Comunitários, não para substituir os Guias profissionais, mas sim ser uma figura de apoio para estes últimos, preparados para ajudar os visitantes a conhecer melhor a sua própria comunidade, através de encontros com pessoas e tradições.
O programa de formação continuará até ao final do projecto mas muitos módulos já foram realizados ou estão em vias de o ser, tais como
- Boas práticas para “guia comunitário”: ecoturismo marinho
- Boas práticas para “guia comunitário Ecoturismo terrestre
- Primeiros socorros
- Salvamento na água e suporte básico de vida
- Animação turística
- Introdução à biodiversidade local (especialmente marinha), monitorização participativa das espécies e código de conduta
- Inglês básico
- higiene e cozinha (com a preparação de receitas tradicionais reinterpretadas de forma vegetariana, para satisfazer as necessidades dietéticas de todos os visitantes)
A ECOCV tem como base três pilares: Conservação – Desenvolvimento Comunitário – Ecoturismo. Em colaboração com população local pretende criar e testar soluções práticas que melhorem o seu bem-estar através do engajamento nas atividades de ecoturismo e do desenvolvimento de atividades sustentáveis. Também pretende desenvolver a capacidade de grupos vulneráveis e marginalizados para a sua autonomia, melhoria da qualidade de vida e futuro das suas famílias.