Os produtores do vinho de Fogo depositaram na quarta-feira no Instituto de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual (IGQPI), na Praia, o pedido de registo para protecção da Dominação de Origem: “Vinho do Fogo” e “Vinho Chã das Caldeiras”.
Segundo explicou o presidente do IGQPI, Abraão Lopes, trata-se de um projecto que foi desenvolvido pela instituição que representa em cooperação com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) em estreita colaboração com a Direcção Geral da Agricultura Silvicultura e Pecuária (DGASP).
“É um processo que estamos a iniciar e esperamos que termine com sucesso, com o depósito do pedido amanhã no instituto”, perspectivou.
Este projecto, teve a duração de 12 meses e dividiu-se em três fases, tendo a primeira sido realizada em Julho de 2017, a segunda em Janeiro de 2018 e a terceira que se conclui agora e que vai culminar com um workshop de socialização dos resultados do projecto e bem assim de apresentação dos conceitos de “Denominação de Origem” e “Indicação Geográfica”, que aconteceu ontem na cidade da Praia.
A “Denominação de Origem” é, segundo Abraão Lopes, “um estatuto que se atribui a um produto muito específico”. No que diz respeito aos vinhos produzidos na ilha do Fogo (Vinho Chã, Sodade e Maria Chaves), o responsável pelo IGQPI disse que se está a trabalhar com os seus produtores no sentido de valorizar esse produto que “é genuíno, típico e especial (…) que não se produz em nenhuma outra parte do mundo”.
“Estamos a falar de um vinho cabo-verdiano e, concretamente, do Fogo. É um produto especial. Por isso, por várias razões, se justifica a atribuição da “Denominação de Origem” aos vinhos produzidos na ilha do Fogo”, prosseguiu Abraão Lopes dando conta que o IGQPI garantiu, ao longo do projecto, uma “assistência técnica especializada” aos produtores do vinho do Fogo.
A mesma fonte disse ainda que o IGQPI quer socializar o conceito de “Denominação de Origem” e “Indicações Geográficas” para que possa recrutar, identificar outros produtos que poderão ser tratados da mesma forma e que poderão ser reconhecidos como produtos genuinamente cabo-verdianos e, por essa razão, terem a “Denominação de Origem”.
“Os resultados se resumem na conclusão e elaboração do caderno de especificações técnicas, que é uma espécie de norma da qualidade, onde existem todos os procedimentos, todas as técnicas e as exigências que os produtores devem cumprir para que, realmente, possam continuar a usar a “Denominação de Origem” ilha do Fogo ou Chã das Caldeiras”, ajuntou aquele responsável.
O presidente do IGQPI diz esperar que “os produtos saiam muito mais valorizados, tenham maior competitividade, conquistem novos mercados e, principalmente, tenham uma maior aceitação, tanto no mercado interno como no mercado externo”.
Por sua vez, Maria da Ressurreição Graça, da Associação Produtores do Fogo, afirmou que a qualidade vai sair reforçada e, naturalmente, o mercado também porque terá um produto cujas normas de qualidade foram todas respeitadas e com um controlo desde o início até o fim das produções.
“As expectativas são que nós saiamos daqui mais esclarecidos e mais conscientes da importância da ‘Denominação de Origem’ e da ‘Indicação Geográfica’ para o desenvolvimento da indústria vinícola em Cabo Verde”, disse.