vai apresentar, dentro de seis meses, ao Governo de Cabo Verde um modelo de gestão dos aeroportos do país, ao abrigo de um acordo assinado hoje na cidade da Praia.
O memorando de entendimento, assinado entre o Governo de Cabo Verde e a Vinci/ANA – Aeroportos de Portugal e cujo conteúdo não foi divulgado na íntegra, prevê a elaboração no prazo de 60 dias de um estudo prévio e análise da situação no terreno e a apresentação 90 dias depois de uma proposta de modelo de gestão.
O presidente da Assembleia Geral da ANA – Aeroportos de Portugal, José Luís Arnaut, explicou aos jornalistas que a ideia é apresentar a Cabo Verde um modelo para fazer crescer o movimento nos aeroportos, atrair voos mais baratos, companhias ‘low-cost’, desenvolver um ‘hub’ com a TACV (empresa pública de aviação cabo-verdiana) e trazer turismo.
José Luís Arnaut escusou-se a confirmar o interesse da Vinci/ANA num futuro cenário de concessão dos aeroportos cabo-verdianos, adiantando que de momento a disponibilidade é para “contribuir e trazer o ‘know-how'” das duas empresas para Cabo Verde.
“Não sabemos sequer se vai haver concessão. Cada passo a seu tempo, não vou antecipar cenários porque não conheço a decisão política do Governo. Nem sabemos se essa opção nos pode minimamente interessar. Estamos neste momento a cooperar e a colaborar, nada mais”, disse.
Reconheceu, contudo, que a Vinci/ANA olham para “Cabo Verde como uma atração e uma potencialidade”.
José Luís Arnaut disse ainda, sem especificar, que a empresa está a analisar as potencialidades de mercados aeroportuários em outros países de língua portuguesa.
Por seu lado, o ministro das Finanças, Olavo Correia, disse que o objetivo do memorando é trabalhar em parceria para que a Vinci e a ANA possam apresentar o melhor modelo para a gestão dos aeroportos em Cabo Verde.
“Temos que nos ancorar e estabelecer parcerias com quem tem mercado, tem capital, tem ‘know-how’ para poder amplificar as oportunidades para a economia cabo-verdiana”, disse.
Olavo Correia explicou que esta primeira fase servirá para identificar o melhor modelo para gestão da empresa Aeroportos e Segurança Aérea [ASA] e dos aeroportos.
“Se a proposta for convincente e for boa, o Governo decidirá os passos seguintes. Hoje estabelecemos um acordo para que a Vinci possa apresentar ao Governo de Cabo Verde um modelo para a gestão dos aeroportos”, disse.
“Não temos mercado, temos dificuldades de financiamento e temos que ir à procura de quem tem mercado, tem capital, conhece todos os ‘stakeholders” para que, no espaço mais curto de tempo, possa alterar o quadro em Cabo Verde. Isso não será possível apenas com a prata da casa. É preciso estabelecer parcerias sem medo”, acrescentou.
Na assinatura do memorando, esteve além de José Luís Arnaut o diretor geral de desenvolvimento de negócios da Vinci, Benoit Trochu, que, na sua intervenção, revelou que a empresa identificou Cabo Verde como “um destino de interesse” há cerca de ano e meio.
“Fizemos ‘demarches’ proativas junto do Governo para lhe dizer que temos coisas positivas para oferecer”, disse, fazendo votos para que o memorando agora assinado seja “o início de uma história longa”.
O grupo francês Vinci, que detém a concessão da gestora aeroportuária ANA- Aeroportos de Portugal, é a quinta maior concessionária mundial de aeroportos, assegurando a gestão de 10 aeroportos em Portugal e vários outros em países como França, Japão, Camboja, Brasil, República Dominicana ou Chile.