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OPINĨO
3 TURIMAGAZINE - MAŖO 2017
ainda existe por ć. Escolhi algumas, as mais corriqueiras, lares ̀s nossas, comecemos pelos arquiṕlagos crioulos e
para uma breve ańlise. Turismo de sol e praia tem de ser independentes das Seychelles e das Mauŕcias. S̃o desti-
desenvolvido com turismo massi cado.
nos tropicais de sol e praia, mas ño permitem (nem nun-
ca permitiram) o turismo de massas. Como outras ilhas
́ preciso comȩar pela quantidade para depois se atingir a crioulas das Carábas, privilegiaram desde o ińcio um tu-
qualidade. Turismo de sol e praia ́ o futuro de Cabo Verde. rismo baseado numa estrat́gia de “foco” nos mercados de
O all-inclusive foi um mal necesśrio em Cabo Verde.
alta gama (upmarket).
Aut̂nticas preciosidades! Principiemos pela primeira, ape- Seychelles says no to mass tourism, not now, not ever!
sar de todas estarem relativamente interligadas. Comȩa a (https://wolfganghthome.wordpress.com/2016/09/08/sey-
fazer escola entre ńs a ideia de que o produto tuŕstico sol chelles-says-no-to-mass-tourism-not-now-not-ever/)
e praia tem de andar de m̃os dadas com a massi cã̧o do
turismo. Vamos, ent̃o, ver alguns exemplos para ver se ́ A internet ́ realmente uma ferramenta maravilhosa. Com
verdade.
um simples click, qualquer um tem acesso a esta extraor-
dińria mensagem proferida no passado m̂s de Setembro
Em primeiro lugar, conv́m de nir primeiro o que ́ tu- por um pequeno pás africano e crioulo, cujo turismo ́ li-
rismo de massas. A democratizã̧o do feńmeno tuŕsti- derado pelo poderoso ministro do Turismo e da Cultura,
co, devido ao efeito combinado do abaixamento do custo Alain St. Ange. Um homem com quem eu e os restantes
das viagens com o aumento do ńvel de vida das pessoas membros da comitiva que foi ̀s Seychelles tivemos o pri-
nos páses mais desenvolvidos, levou ao aparecimento da viĺgio de privar e trabalhar, constatando a enorme paix̃o
massi cã̧o das viagens e do turismo, antes priviĺgio das que este carisḿtico ministro, que foi hoteleiro toda a vida,
classes mais abastadas. Signi ca isto pessoas a viajarem em coloca no desempenho das suas altas fuņ̃es.
grandes ńmeros para grandes hot́is, com um ḿnimo de
interaç̃o com a realidade local.
O turismo das Seychelles ́ baseado em sol e praia! Mas
nunca teve nem teŕ turismo de massas!
As empresas que se dedicam a este tipo de turismo esco-
lhem como estrat́gia o que Michael Porter chamou de A nã̧o cabo-verdiana gastou milhares de contos para ir
“estrat́gia de lideraņa de custos”, o que signi ca, de uma estudar a experîncia das ilhas Seychelles, consideradas um
forma simpli cada, apostar em custos baixos para poder dos melhores exemplos de turismo sustent́vel do mundo.
praticar prȩos baixos. Permitam-me partilhar um quadro Lev́mos uma enorme delegã̧o che ada pelo nosso Pre-
que uso com os meus alunos de Estrat́gia Empresarial, sidente da Reṕblica. Tivemos uma indescrit́vel recep̧̃o,
onde est̃o representadas as chamadas Estrat́gias Geńri- e os nossos primos crioulos colocaram ao nosso dispor, du-
cas de Porter, aplićveis a qualquer ind́stria, incluindo o rante uma semana, todos os servi̧os ligados ao turismo e
sector das viagens e turismo.
mostraram todos os segredos do seu sucesso.
Vantagem competitiva
Custos baixos
Diferenciã̧o
Mercado amplo
Lideraņa de custos
Diferenciã̧o
̂mbito competitivo
Mercado restrito
Foco (Foco com custos
baixos) (Foco com dife-
renciã̧o)
Como enquadraŕamos o turismo de Cabo Verde neste O que ́ que aprendemos nas Seychelles que estamos a apli-
quadro? Na Lideraņa de Custos, naturalmente. A diferen- car em Cabo Verde? Que eu saiba, nada! Pior, continuamos
ciã̧o e o foco d̃o muito mais trabalho.
a seguir o caminho inverso do que vimos e dev́amos ter
aprendido.
Mas para desenvolver o turismo de sol e praia tem de ser
assim? Vamos analisar outros arquiṕlagos que nos prece- Mais uma vez, fazem-se viagens, gasta-se imenso dinheiro
deram no desenvolvimento tuŕstico.
e depois ño h́ o devido seguimento. Uma triste sina desta
nã̧o.
Sem sairmos de ́frica, e olhando para realidades simi-