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Eventos
Viagem pela hist́ria,
uma oferta tuŕstica
e cultural de Santiago
Q
uatro de Maio de 1712 nacionais e estrangeiros po- na-de-á̧car como principal os principais actores de todo
marcou o afundamento der̃o vivenciar a hist́ria, revi- produto de troca comercial e o ceńrio da recriã̧o hist́-
irreverśvel da Cidade
v̂-la e perceber a esŝncia da agŕcola da ́poca. A encena- rica. Jacques Cassard foi um
Velha de Santiago. Foi nesse nossa Cabo- verdianidade.
̧̃o continua com as tr̂s fran- corśrio franĉs. Destacou-se
dia que Ribeira Grande foi ata- chas do setor ecońmico-so- no corso contra navios ingle-
cada e pilhada pelos piratas A 1a Edĩ̧o da Viagem pela cial, ligado ̀ igreja, ligado ao ses no canal da Mancha. No
franceses, comandados por Ja- Hist́ria vai mostrar a ́poca Morgado em si com vitalidade comando de uma frota de 12
cques Cassard. O saque foi ava- quinhentista, que depois de forte na administrã̧o das navios, a 5 de maio de 1712
liado em tr̂s milh̃es de libras 100 anos, 1460-1560, j́ tinha terras e dentro desses setores desembarcou as suas foŗas
estrelinhas. Depois desse ata- a evolũ̧o cultural. A orga- os aspectos lingústicos que na Praia (báa da Praia Negra),
que tudo comȩou a entrar em nizã̧o deste grande evento estavam a iniciar.
na ilha de Santiago em Cabo
decad̂ncia. Paulatinamente que vai reunir v́rias cente- Verde, liderando um grande
Cidade Velha foi perdendo a sua nas de atores e gurantes Ent̃o toda a manifestã̧o ataque ̀ Ribeira Grande, que
inflûncia e mais tarde aban- para cada ala, em que cada cultural j́ era comunicativa conquistou, saqueou e incen-
donada. Era aqui que h́ cinco ala teŕ cerca de 100 atores entre continĝncia africana diou. Os corśrios ocuparam
śculos comȩava a hist́ria da para cada ato. Na ́poca o com a continĝncia europeia, uma boa parte da ilha, tendo
Cabo-Verdianidade. Entre os governador tinha um escravo por isso vai haver centenas o bispo da Diocese de San-
śculos XV e XVII, Santiago de e uma pessoa de servi̧o da de atores para este ceńrio. tiago de Cabo Verde ̀ ́poca,
Cabo Verde, era referenciado sua con aņa. Depois havia Finalmente conclui-se com o D. Francisco de Santo Agos-
em todos os mapas do Mundo contingente africano e euro- ataque do corśrio franĉs, da tinho (T.O.R.) (1708-1719),
ent̃o conhecidos. (Daniel Pe- peu na altura. Nos port̃es da qual os escravos ir̃o aprovei- retirado para o interior, onde
reira)
entrada do Forte vai ser criado tar para ter a sua autonomia. reorganizou as foŗas de de-
um grupo de atores bastante Por isso a representã̧o da fesa, liderando a resist̂ncia e
Viagem Pela Hist́ria, um pro- pro ssionais para simbolizar fuga simb́lica dos escravos, incentivando o contra-ataque.
jecto do Minist́rio da Cultura o desembarque dos escravos. est́ no esṕrito dos atores Na retirada, os corśrios leva-
e Ind́strias Criativas, coor- Depois no campo do coḿrcio que pretendem mostrar a luta ram tudo o que conseguiram
denado pelo Gabinete Bureau triangular vai ser recriado pe- pela liberdade na ́poca com transportar, incluindo os sinos
Export Ḿsica, pretende re- quenas in ûncias culturais grande ̂nfase do visa residu- da Ś, as suas reĺquias, e o
criar um pouco da hist́ria da referindo-se a escala Europa, al. Ent̃o seŕ recriado todo mobilírio em madeira de lei.
cidade Velha entre os śculos ́frica e Brasil passado pelo o ceńrio do quotidiano ou O que ño foi levado para bor-
16 e 17. Esta prodũ̧o teatral Cabo Verde e depois Cabo seja a vida no ṕtio do Forte e do, foi incendiado, incluindo a
que pretende recriar tr̂s dos Verde como centralidade forte com a fuga dos escravos para riqússima biblioteca do bis-
v́rios momentos marcantes de in ûncia cultural para de- monte acima.
po. Estima-se que o montante
da hist́ria de Cabo Verde, monstrar aquelas difereņas total deste saque ascendeu a
nessa ́poca, a chegada dos de in ûncia.
Para aĺm do produto tuŕs- mais de 3 milh̃es de libras.
jesútas, o ataque do pirata tico, posicionando-se com Jacques Cassard como co-
Jacques Cassard e a escrava- Na rua (ṕtio do Forte) seŕ oferta tuŕstica e cultural da mandante teve grande su-
tura com a fuga dos escravos, criado um ambiente espont̂- Ilha de Santiago, pretende-se cesso nas suas ã̧es, tendo
teŕ a sua realizã̧o nos dias neo, o desembarque de escra- atingir o ṕblico-alvo os turis- acumulado, durante a sua
28, 29 e 30 de Setembro deste vo, a vida ecońmica ou seja tas nacionais e estrangeiros, carreira, grande fortuna. Caiu
ano.
o coḿrcio de algod̃o e os a díspora africana, afro des- em desgra̧a junto ̀ Coroa
escravos com in ûncia na cendentes e amantes e inves- francesa, tendo passado os
Portanto toda a hist́ria vai tecelagem dos panos, e seŕ tigadores da hist́ria colonial seus ́ltimos 24 anos de vida
ser transformada num conte- demonstrada tamb́m a t́c- e da escravatura, onde os resi- na pris̃o, onde veio a falecer
́do art́stico e em algo que os
nica da pintura dos panos, ca-
dentes da Cidade Velha ser̃o
em 1740.
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